Comumente
o elenco do Corinthians apela para o aspecto histórico do Timão ser conhecido
pela sua raça e sofrimento. Em várias ocasiões, os atletas invocam o clichê:
“vitória com cara de Corinthians”.
Um
grupo de amigos de origem humilde que se reúne sob a luz de um lampião para
fundar um time que nascia nos braços do povo para se tornar um dos maiores do
Brasil, por si só, já daria o enredo de um filme. As conquistas, a democracia,
a invasão, o jejum de títulos – e ainda assim, o aumento da torcida –, e outras
passagens históricas justificam a devoção dos fiéis adeptos do Corinthianismo.
As vitórias conquistadas à base do suor e sangue em
grandes jogos e campeonatos, jogadores que lutavam como guerreiros em batalha
caracterizaram o Corinthians como um time de raça. A angústia por títulos, de
quase 23 anos, que acabou com o sofrido gol de Basílio no Campeonato Paulista
de 77 explicam a relação do Timão com o sofrimento.
O atual time do Corinthians é raçudo, luta até o fim,
brinda a torcida com o suor do esforço em campo, tem “cara de Corinthians”. No
entanto, ganhar do Catanduvense no sufoco em uma partida da primeira fase de um
Paulistinha morno, tendo feito uma lambança na defesa, perdendo pênalti, com
gol no final do jogo, pode até ser emocionante, mas não tem “cara de
Corinthians”. Não se pode banalizar um termo histórico tão especial para o
corinthiano, em jogos inexpressivos contra adversários que em sua maioria
deveriam ser atropelados sem deixar rastro algum. Jogar cautelosamente, mesmo contra
adversários mais fracos, e ganhar com dificuldade porque não se impôs não pode
ser considerado com “cara de Corinthians”.
Tite faz um bom trabalho, tem o time na mão, o elenco
está forte, têm bons jogadores, os atletas demonstram empenho, mas o Corinthians
tem que atacar mais seus adversários, impor o placar e matar o jogo o quanto
antes.
A vitória é o que importa, porém, envolver o adversário
com um futebol ofensivo também tem “cara de Corinthians”.