sábado, 2 de março de 2013

MOVIMENTO POR UM FUTEBOL MELHOR?



            “Movimento por um Futebol Melhor”. Esse é o novo projeto do cartola Ronaldo. A ideia é dar descontos em alguns produtos aos torcedores que se associarem. Segundo os engravatados responsáveis pelo sistema, mesmo que você more a léguas de distância e nunca pise no estádio de seu time, ainda assim, os descontos ultrapassam o valor da mensalidade.
            Esse projeto é no mínimo escroto. Eu, residente em Natal/RN, torcedor do Corinthians, time que vi jogar no estádio menos que cinco vezes e que, por isso, sou considerado torcedor de linhagem inferior; que nunca pisei no clube e, provavelmente, não exerceria meu direito de voto por conta da distância, vou me associar a uma instituição que receberá uma taxa mensal e não terá que arcar com nenhuma contrapartida, exceto a carteirinha de sócio? Sensacional!
            Além do mais, os times que hoje querem nacionalizar o programa sócio-torcedor e recorrem aos torcedores distantes são os mesmos que nunca promoveram nenhuma ação que os alcançasse, como um jogo festivo ou pré-temporada fora do seu estado-sede.
            A prioridade desse movimento não é um futebol melhor, mas sim, um futebol mais rentável, mais forte economicamente. Faz parte do “Milagre Econômico – Parte II” que vivemos. Alguns times ficarão ricos, grandes jogadores ficarão ricos, empresários ficarão mais ricos, empresas ficarão mais ricas, Ronaldo ficará mais rico e o futebol não necessariamente ficará melhor.
            Se o movimento realmente fosse por um futebol melhor, eles lutariam pela diminuição da disparidade nas cotas de TV, a diferença no valor recebido por times da mesma divisão chega a ser de R$ 70 milhões; contra os preços abusivos dos ingressos, que chega a ter como valor mínimo R$ 80; contra a violência no futebol, não com comoção mas com ação; pela transparência da CBF e dos clubes, que agem geralmente por conveniência; enfim, o futebol deveria ser visto como um todo e não apenas como mercado.
        Temos que parar com essa visão de que o único crescimento que importa é o econômico. O Brasil, por exemplo, é a sétima economia do planeta e o trigésimo sétimo colocado em qualidade de vida.
            Quando alguém falar de um movimento por algo melhor em que sua participação está condicionada a vinculação a uma instituição e o consumo exclusivo de determinadas marcas... Pare, pense, duvide!