sábado, 9 de fevereiro de 2013

OURO DE TOLO

É sempre a mesma novela. O jogador se transfere para outro clube e é “mercenário pra lá, mercenário pra cá”, aviõezinhos de notas de cem voam pelo estádio e moedas caem do céu.
Percebo que a revolta é sempre contra jogadores e técnicos, como se existissem cláusulas em seus contratos prevendo o amor incondicional. Deveríamos nos rebelar contra os clubes, esses sim, tratam nossa paixão como: “mercado a ser explorado”.
O preço do ingresso é alto, os jogos na TV são pagos, a camisa oficial (que parece um banner) custa um absurdo, qualquer grito vindo das arquibancadas vira camisa promocional, os jogadores são contratados como estratégia de marketing, enfim, ser torcedor não é barato. O marketing ganhou força e a meta é o pote de ouro no fim do arco-íris. Hoje, um clube de futebol usa mais técnica de venda que um programa da Polishop TV.
Listas e rankings financeiros são divulgados diariamente nos sites esportivos. Os torcedores divulgam essas listas nas redes sociais como se torcessem pela Nike ou Adidas. Comemora-se o fato de ter o maior patrocínio máster, de ter a maior cota de TV... E eu? Comemoro o que? O fato de saber que torço por uma marca. Patético.
Algum dia estaremos em frente ao computador gerando anúncios bisonhos de um time qualquer, para aumentar a rede e ganhar dinheiro fácil como no Telexfree (Charles Ponzi vive!), quem sabe eu consiga um Team Builder. Seria cômico se não fosse trágico.
A relação futebol de rendimento/dinheiro sempre existiu, porém, a atividade-fim é o futebol, não o contrário. Alienar e explorar o torcedor, influenciar o consumismo numa relação onde se prega a paixão, não é nada honesto.
Os clubes atingem o ponto fraco dos torcedores, a paixão. Transformam uma das mais sinceras relações num mero envolvimento de compra e venda. O torcedor é impelido a exercer o fanatismo que quase sempre tem algum ônus financeiro.
O sistema (clubes/empresários/mídia) quer convencer que deveríamos estar contentes por termos grandes jogadores atuando no Brasil, crescimento da marca, clubes disputando títulos internacionais, Copa no Brasil, investimento, estádios e qualquer outro fator que remeta a progressão econômica. Só se esquecem (ou omitem) de informar ao responsável por pagar a conta, que será caro... Bem caro.
Só me resta concluir que o amor é cego e os clubes são mercenários.
Como não enxergam isso?