É
sempre a mesma novela. O jogador se transfere para outro clube e é “mercenário
pra lá, mercenário pra cá”, aviõezinhos de notas de cem voam pelo estádio e moedas
caem do céu.
Percebo
que a revolta é sempre contra jogadores e técnicos, como se existissem
cláusulas em seus contratos prevendo o amor incondicional. Deveríamos nos
rebelar contra os clubes, esses sim, tratam nossa paixão como: “mercado a ser
explorado”.
O
preço do ingresso é alto, os jogos na TV são pagos, a camisa oficial (que
parece um banner) custa um absurdo, qualquer grito vindo das arquibancadas vira
camisa promocional, os jogadores são contratados como estratégia de marketing,
enfim, ser torcedor não é barato. O marketing ganhou força e a meta é o pote de
ouro no fim do arco-íris. Hoje, um clube de futebol usa mais técnica de venda
que um programa da Polishop TV.
Listas
e rankings financeiros são divulgados diariamente nos sites esportivos. Os
torcedores divulgam essas listas nas redes sociais como se torcessem pela Nike
ou Adidas. Comemora-se o fato de ter o maior patrocínio máster, de ter a maior
cota de TV... E eu? Comemoro o que? O fato de saber que torço por uma marca.
Patético.
Algum
dia estaremos em frente ao computador gerando anúncios bisonhos de um time
qualquer, para aumentar a rede e ganhar dinheiro fácil como no Telexfree (Charles
Ponzi vive!), quem sabe eu consiga um Team Builder. Seria cômico se não fosse
trágico.
A relação
futebol de rendimento/dinheiro sempre existiu, porém, a atividade-fim é o
futebol, não o contrário. Alienar e explorar o torcedor, influenciar o
consumismo numa relação onde se prega a paixão, não é nada honesto.
Os
clubes atingem o ponto fraco dos torcedores, a paixão. Transformam uma das mais
sinceras relações num mero envolvimento de compra e venda. O torcedor é
impelido a exercer o fanatismo que quase sempre tem algum ônus financeiro.
O
sistema (clubes/empresários/mídia) quer convencer que deveríamos estar
contentes por termos grandes jogadores atuando no Brasil, crescimento da marca,
clubes disputando títulos internacionais, Copa no Brasil, investimento,
estádios e qualquer outro fator que remeta a progressão econômica. Só se
esquecem (ou omitem) de informar ao responsável por pagar a conta, que será
caro... Bem caro.
Só
me resta concluir que o amor é cego e os clubes são mercenários.
Como
não enxergam isso?