O Corinthians é conhecido
pelo sofrimento nas suas conquistas. Os torcedores se intitulam maloqueiros e
sofredores. Sofrer já está arraigado à personalidade do corinthiano.
Porém, nessa Libertadores não houve sofrimento! O Timão
conquistou a América com inteligência e consistência tática, na maioria dos
jogos não foi pressionado, esteve sempre com o jogo controlado.
É lógico que os jogos foram nervosos, até mesmo pelo que
estava em disputa. Ganhar a Copa Libertadores virou uma obsessão desde a década
de 90, quando o alvinegro passou a disputá-la com mais intensidade. Vale
lembrar que a primeira participação do Timão no torneio sulamericano foi em 77,
mas claramente a prioridade era o Campeonato Estadual (que na época tinha
grande importância). Basílio, autor do gol que tirou o time da fila de 23 anos
sem título, chegou até a dizer que estava louco para que a Libertadores
terminasse logo para que as atenções pudessem se voltar para o Paulistão.
A verdade é que o Corinthians soube controlar os nervos e
os adversários como nunca havia feito. A primeira fase passou com
tranquilidade. O jogo mais tenso da fase de grupos foi a estréia contra o
Deportivo Táchira, o time paulista só empatou no último minuto de jogo. Muitos
acham – inclusive eu – que aquele empate conseguido na bacia das almas foi um
dos mais importantes da trajetória corinthiana. Uma derrota no primeiro jogo,
contra um adversário fraco e vindo da eliminação na pré-Libertadores na
temporada anterior iria gerar desconfiança que certamente atrapalharia na
tranquilidade do elenco.
Na fase de mata-mata o Corinthians confirmou sua força em
grandes jogos. Passou pelo Emelec e Vasco sem sofrer gols, só vindo a ser
vazado contra o Santos e Boca Juniors. O confronto mais perigoso foi contra o
Vasco, a defesa de Cássio no chute de Diego Souza foi mais importante que um
gol. Fora esse lance, o Corinthians não sofreu apertos e a aflição deu-se mais
pela demora para fazer o gol do que pelos ataques vascaínos.
O Corinthians só esteve em situação adversa durante 12
minutos contra o Boca na Bombonera. Só!
A campanha corinthiana para conquistar a América foi
épica. O campeão da Copa do Brasil, da Copa Libertadores anterior e o temido
Boca Juniors foram sobrepujados pelos mosqueteiros da Fiel. Juninho não jogou,
Neymar e Ganso também não, Riquelme nem se fala, o Corinthians não deixou.
Depois de 30 anos um time conquista a Libertadores de forma invicta, tendo
jogado o dobro de partidas dos invictos de outrora.
O 4 de julho, agora, será lembrado pela conquista da
América pelo Corinthians Libertador.