domingo, 1 de abril de 2012

O FUTEBOL DOS BAD BOYS


Imagem da internet

O ano era 1999, o Liverpool jogava contra o Everton pela Premier League. Acusado de usar cocaína, Robbie Fowler ajeita a bola na marca para cobrar o penâlti. O inglês parte para a cobrança. Bola de um lado, goleiro do outro. A torcida vibra, mas o melhor ainda iria acontecer. Fowler corre em direção à linha de fundo e a cheira como se fosse uma carreira de pó, foi marcante. Naquele momento, Robbie Fowler extrapolava o que sentia, protestava contra as insinuações e ironizava o fato.
Essas histórias estão cada vez mais escassas no futebol. Aquele jogador que tirava sarro com os adversários, questionava diretores e repórteres, não levava desaforo para casa, comemorava de maneira provocativa é peça de museu. Este tipo de jogador – por muitos, chamado de bad boy – tinha como características principais a personalidade forte, a excelente capacidade técnica e a facilidade em se tornar ídolo, o que o elevava ao status de lenda.
  Pensar em jogadores como Cantona, Gascoigne, Renato Gaúcho, George Best, Maradona, Djalminha, Romário, Edmundo, Serginho Chulapa, Vampeta e Viola, me faz constatar que um dos únicos representantes dos bad boys na atualidade parece ser o polêmico Balotelli.
Os jogadores que citei eram os “donos da voz”, tudo que falavam fazia parte de suas próprias opiniões, eles eram atores e autores de suas atitudes. Os jogadores da atualidade tem a “voz do dono”, parecem ser meros atores que decoram um texto politicamente correto para manterem-se, covenientemente, em cima do muro.
A atuação dos assessores de imprensa e a elevada preocupação com a imagem fez com que a autenticidade dos atletas fosse reprimida. Cada vez mais padronizados, os boleiros tem o mesmo estilo de cabelo, as mesmas coreografias nas comemorações, a mesma falta de compromisso, a mesma preguiça de pensar e dizer ou fazer algo realmente útil.
Os bad boys de ontem transgrediam as regras, mas representavam o torcedor dentro de campo e incorporavam o espírito de suas equipes, por isso, tornaram-se ídolos e são lembrados até hoje.
Os jogadores atuais – que por vezes, são chamados de bad boys – não tem o ponto marcante dos bad boys de outrora, que é a autenticidade. São desregrados fora de campo, porém, quando abrem a boca não dizem nada e, em sua maioria, estão preocupados apenas com o salário e o status que a vida de jogador proporciona.
Infelizmente, essas figuras do futebol perderam espaço.
Felizmente, existe youtube para relembrá-los.