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O
ano era 1999, o Liverpool jogava contra o Everton pela Premier League. Acusado
de usar cocaína, Robbie Fowler ajeita a bola na marca para cobrar o penâlti. O
inglês parte para a cobrança. Bola de um lado, goleiro do outro. A torcida
vibra, mas o melhor ainda iria acontecer. Fowler corre em direção à linha de fundo e a cheira como se fosse uma carreira de pó, foi marcante. Naquele
momento, Robbie Fowler extrapolava o que sentia, protestava contra as
insinuações e ironizava o fato.
Essas
histórias estão cada vez mais escassas no futebol. Aquele jogador que tirava
sarro com os adversários, questionava diretores e repórteres, não levava
desaforo para casa, comemorava de maneira provocativa é peça de museu. Este
tipo de jogador – por muitos, chamado de bad boy – tinha como características
principais a personalidade forte, a excelente capacidade técnica e a facilidade
em se tornar ídolo, o que o elevava ao status de lenda.
Pensar em jogadores como Cantona, Gascoigne,
Renato Gaúcho, George Best, Maradona, Djalminha, Romário, Edmundo, Serginho
Chulapa, Vampeta e Viola, me faz constatar que um dos únicos representantes dos
bad boys na atualidade parece ser o polêmico Balotelli.
Os
jogadores que citei eram os “donos da voz”, tudo que falavam fazia parte de suas
próprias opiniões, eles eram atores e autores de suas atitudes. Os jogadores da
atualidade tem a “voz do dono”, parecem ser meros atores que decoram um texto
politicamente correto para manterem-se, covenientemente, em cima do muro.
A
atuação dos assessores de imprensa e a elevada preocupação com a imagem fez com
que a autenticidade dos atletas fosse reprimida. Cada vez mais padronizados, os
boleiros tem o mesmo estilo de cabelo, as mesmas coreografias nas comemorações,
a mesma falta de compromisso, a mesma preguiça de pensar e dizer ou fazer algo
realmente útil.
Os
bad boys de ontem transgrediam as regras, mas representavam o torcedor dentro
de campo e incorporavam o espírito de suas equipes, por isso, tornaram-se
ídolos e são lembrados até hoje.
Os
jogadores atuais – que por vezes, são chamados de bad boys – não tem o ponto
marcante dos bad boys de outrora, que é a autenticidade. São desregrados fora
de campo, porém, quando abrem a boca não dizem nada e, em sua maioria, estão
preocupados apenas com o salário e o status que a vida de jogador proporciona.
Infelizmente,
essas figuras do futebol perderam espaço.
Felizmente,
existe youtube para relembrá-los.