sábado, 19 de maio de 2012

JOGO DE LIBERTADORES


               A Copa Libertadores da América é o maior torneio do continente. É inegável. Porém, é também inegável que deveria ser bem melhor organizada. Ganhá-la é difícil muito mais pelos percalços e peculiaridades da competição que pela qualidade técnica das equipes.
            Quando assisto aos jogos da Copa Libertadores logo me vem à mente aqueles torneios clandestinos de luta que passam nos filmes americanos, onde as brigas são realizadas em galpões abandonados e as regras... Que regras?
            O mais impressionante é que isso não surpreende. Já se tornou hábito. É o tal “jogo de Libertadores”.
            Na Libertadores pode tudo. Pode atirar pilha, rádio, laranja, garrafa, pedra, enfim, qualquer objeto que atente contra a integridade física daqueles que estão no gramado, e, mesmo assim, nenhuma punição será aplicada. É inconcebível que para cobrar um escanteio o jogador precise de escolta policial.
            Se os jogadores quiserem podem jogar futebol; se não, podem fazer qualquer outra coisa que cause hematomas ou traumas ósseos. O regulamento permite isso uma vez que não há suspensão pelo acúmulo de cartões amarelos. Com isso os árbitros aplicam cartões a torto e a direito, que implicarão apenas alguns tostões aos cofres do clube.
            Nem o direito de reconhecer o gramado é dado aos clubes, o time da casa pode impedir o acesso ao gramado pelo time visitante antes do jogo. É arcaico ou não? Alguns campos são verdadeiros pastos, permitir que o visitante tenha contato – ainda que por pouco tempo – com o “curral” onde irão jogar é o mais justo.
            A Libertadores precisa de um tratamento mais profissional e moderno. Algo quase inatingível para uma competição gerida pela CONMEBOL, que há 26 anos é presidida por Nicoláz Leoz. Nesse ano, Leoz oficializou – o que todos já sabiam – seu cargo como vitalício, ou seja, o dono da CONMEBOL só sai quando quiser ou morrer. Infelizmente, é torcer pela segunda opção.
            Jogo de Libertadores é aquele brigado, “jogado com o coração na ponta da chuteira”, como dizem os românticos. Seria bom se pudéssemos somar a esse conceito os gramados de qualidade, os grandes craques e esquadrões, um regulamento moderno, a boa educação dos torcedores, o bom futebol, enfim, o desenvolvimento do futebol no continente. Por enquanto, no jogo de Libertadores a qualidade e o profissionalismo são recebidos a garrafadas.