A Copa Libertadores da
América é o maior torneio do continente. É inegável. Porém, é também inegável que
deveria ser bem melhor organizada. Ganhá-la é difícil muito mais pelos
percalços e peculiaridades da competição que pela qualidade técnica das equipes.
Quando assisto aos jogos da
Copa Libertadores logo me vem à mente aqueles torneios clandestinos de luta que
passam nos filmes americanos, onde as brigas são realizadas em galpões
abandonados e as regras... Que regras?
O mais impressionante é que isso não surpreende. Já se
tornou hábito. É o tal “jogo de Libertadores”.
Na Libertadores pode tudo. Pode atirar pilha, rádio,
laranja, garrafa, pedra, enfim, qualquer objeto que atente contra a integridade
física daqueles que estão no gramado, e, mesmo assim, nenhuma punição será
aplicada. É inconcebível que para cobrar um escanteio o jogador precise de
escolta policial.
Se os jogadores quiserem podem jogar futebol; se não,
podem fazer qualquer outra coisa que cause hematomas ou traumas ósseos. O
regulamento permite isso uma vez que não há suspensão pelo acúmulo de cartões
amarelos. Com isso os árbitros aplicam cartões a torto e a direito, que implicarão apenas alguns tostões aos cofres do clube.
Nem o direito de reconhecer o gramado é dado aos clubes,
o time da casa pode impedir o acesso ao gramado pelo time visitante antes do
jogo. É arcaico ou não? Alguns campos são verdadeiros pastos, permitir que o
visitante tenha contato – ainda que por pouco tempo – com o “curral” onde irão
jogar é o mais justo.
A Libertadores precisa de um tratamento mais profissional
e moderno. Algo quase inatingível para uma competição gerida pela CONMEBOL, que
há 26 anos é presidida por Nicoláz Leoz. Nesse ano, Leoz oficializou – o que
todos já sabiam – seu cargo como vitalício, ou seja, o dono da CONMEBOL só sai
quando quiser ou morrer. Infelizmente, é torcer pela segunda opção.
Jogo de Libertadores é aquele brigado, “jogado com o
coração na ponta da chuteira”, como dizem os românticos. Seria bom se pudéssemos
somar a esse conceito os gramados de qualidade, os grandes craques e
esquadrões, um regulamento moderno, a boa educação dos torcedores, o bom
futebol, enfim, o desenvolvimento do futebol no continente. Por enquanto, no jogo
de Libertadores a qualidade e o profissionalismo são recebidos a garrafadas.