Ontem no programa Linha de
Passe na ESPN Brasil, o jornalista Juca Kfouri emitiu sua opinião sobre a
polêmica expulsão de Seedorf contra o Madureira pelo Carioquinha. Concordei com
boa parte do seu comentário, exceto quando o renomado jornalista disse que pela
carreira vitoriosa e pelo comportamento excepcional o holandês deveria gozar de
privilégios perante a arbitragem.
Um
jogador como Seedorf já é bastante prestigiado por toda a fama e sucesso que
conquistou e, ainda, pelo alto salário que recebe. Como disse Luxemburgo, “a
regalia de um jogador de futebol é o salário”. Logicamente essa afirmação não
cabe a todos os jogadores, já que apenas um pequeno percentual da classe recebe
salários exorbitantes. Mas que é verdade é!
A regra deve ser aplicada da mesma forma, seja um
desconhecido seja um veterano de reputação mundial. Além do mais, conceder ao
árbitro a discricionariedade de avaliar privilégios, aumentaria
consideravelmente o buraco da falta de critério em que os árbitros se
encontram.
A incumbência do
árbitro é aplicar a regra e conduzir o jogo da maneira mais discreta possível. Um
atleta não pode ser prestigiado dentro de campo pela sua biografia ou
desprestigiado pela falta dela. Seria um ingrediente a mais no bolo de absurdos
que consumimos diariamente.
Logo
nós, brasileiros, que somos achincalhados pelos privilégios disfarçados de
prerrogativas que gozam os parlamentares eleitos pelo voto obrigatório nessa
democratura, vamos legitimar o absurdo de que a regra seja mais amena para
àqueles que são celebridades?
Como se diz por aqui: “pau que bate em Chico, bate em
Francisco”.
Já que esse ditado popular já não faz sentido em quase
nenhum lugar da nossa sociedade (inclusive na gestão do futebol), vamos torcer
para que ao menos dentro de campo faça.